terça-feira, 14 de setembro de 2010

É saudade

Olhar uma foto e sentir saudades é comum. Até mesmo para aqueles que não são tão importantes no nosso dia a dia. Mas incomum, doloroso e algumas vezes gostoso, é lembrar, no meio de uma tarde sem motivo algum, daquelas pessoas que te fazem feliz simplesmente por estarem do seu lado. Compartilhar o descanso de uma tarde de domingo ou a folia de noite de sexta.

Por te fazerem rir sem motivo ou chorar de alegria ao nos encontrarmos. Essas sim são especiais. E por mais que passemos dias, meses e anos sem nos vermos, temos a certeza dentro do nosso coração de que ela não se esquece dos preciosos minutos que passamos juntos.

E ansiosamente apressamos o tempo para o reencontro; que seja qual for a expectativa e as circunstâncias temos certeza de que ali virá embutida a felicidade. Felicidade genuína e sincera. De quem te gosta sem segundas intenções ou interesses. De quem te ama por você estar ali e fazer parte da sua vida. Felicidade de quem se entregaria sem medo. De quem sabe do real valor de um abraço e do silêncio.



quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Burrice consciente



Insista, corra atrás, tudo vale a pena por um amor. Ah, vale? Só diz isso quem nunca levou seguidos foras ou não conhece o real significado da palavra decepção.

Óbvio que não há nada melhor do que um amor correspondido. Uma jornada intensa e suada para conseguir alguém e no fim das contas ter aquela pessoa nos seus braços. Mas caiamos na real; poucos são os que conseguem. Sortudos. Infelizes são aqueles que nunca amaram. Nunca sentiram-se completos ao lado de alguém. Melhor ainda quando chegar àquele ponto foi um martírio.

Mas por favor, voltemos à realidade, à racionalidade. Se apaixonar é um saco. Passar o dia pensando naquela que devia também te querer e a cada minuto lembrar de um sorriso é algo que pode deixar uma pessoa bem triste ao fim do dia. Triste porque na maioria das vezes não há correspondência de sentimentos. Você pensa em X e ela Z.

E é nessas circustâncias que surgem os burros conscientes. Pessoas racionais e com total noção da situação, mas que por impulsos e sentimentos deixam-se levar pela possibilidade remota de algo dar certo. Não há explicação plausível para uma pessoa que insiste quando há exposta na cara de todos a resposta final.

Mas os românticos diriam: corra atrás, faça-a se apaixonar, vale a pena. Não amigo, não vale. Tenha certeza que tudo o que você acha que é um sinal positivo e uma indireta a um possível sucesso são coisas da sua cabeça. E no fundo você sabe, mas quem não gosta de se enganar? Acreditar que aqueles pensamentos soltos, derivados de uma tarde chata de trabalho, podem se tornar realidade e um dia vocês podem rir de tudo aquilo.

Mais fácil será você rir das suas péssimas e mal escolhidas investidas. Isso é o que dói. Saber que a todo momento você não fez o certo. Não soube deixar de lado a burrice consciente e acordar para realidade. Não há problema, um dia a gente sempre levanta e percebe. A vergonha alheia é que incomoda. Pensar como você pode mandar aquela mensagem, falar aquela besteira ou insinuar algo tão absurdo.

Como consolo pense que o tempo apaga tudo. Melhor ainda, o tempo nos ensina a nunca mais fazer algo que deu tão errado. Mas ele, o tempo, esquece sempre de avisar isso pro nosso coração. O tempo trás experiência e o coração amnésia. No fim, somos feitos e criados a partir de amor. Quando ele chega, já era. Somos irracionais novamente.


Torço porque sou feliz




Ontem meu time venceu. Nos últimos dias, coisa comum. Ainda bem, mas isso pouco importa. Havia um tempo que eu não me sentia tão feliz com uma simples vitória. Nada de rivais, goleada ou atuação de gala. Nada disso. Apenas uma vitória. Uma alegria simples e genuína de quem ama um time. Um clube. Um esporte.

Há explicação plausível para tal atitude? Peguei-me a pensar nisso durante boa parte da noite e descobri que não. Não há porquê ter. Paixão não se explica. Isso mesmo, paixão. E digo com todos sentidos abstratos e concretos embutidos. Ao ver de longe, não aceitamos que alguém possa torcer por um símbolo ostentado por onze pessoas dentro de um gramado, a correr atrás de uma bola.

Mas ao torcer, vibrar e o melhor, sentir a felicidade pura e inocente de estar contente por apenas ter visto o seu time jogar; por um breve momento, aquele que comemora efusivamente um gol, sabes que ali sim, está uma atitude sincera. Vinda de uma paixão inexplicável e saudável.

Torcer é sentir-se parte de algo que é teu e nunca vão te tirar. É ter na certeza da quarta e domingo, sentar e assistir. Sofrer, gritar, xingar e chorar. Não é realmente feliz o torcedor que nunca chorou por uma perda ou conquista. Assim como ninguém que nunca chorou por um amor perdido ou declaração. Futebol é feito de paixão, de amor e entusiasmo.

Ontem me senti feliz por ter um time. Seja ele primeiro ou último. O tenho no meu coração com a certeza de que nunca o deixarei, nem ele a mim. Passamos por alegrias e tristezas, e muitas outras virão. Eu ao lado dele, ele ao meu lado.

Encruzilhada




Correr, caminhar e uma hora parar. Depois de lutar, percebe-se que ali, invariavelmente está uma chance. Arriscar o caminho da incerteza ou seguir pela intranquilidade da solidão? Mas, ora, não é ali uma chance?

Chance, por definição, é algo que pode acontecer; ou uma oportunidade dada àlguém. Aí está a dúvida. Deu-se ou pode? Sendo ela dada, acontece. O poder acarreta na possibilidade de falha.

Estamos então numa encruzilhada. Parado numa bifurcação que levarão a dois lugares inofensivos, mas dolorosos. E qual a escolha que não nos traz dor? Seja ela bem ou mal feita, sempre deixamos algo para trás.

Sábio é aquele que escolhe e entende, dentro de si, que escolher é algo natural; e deixar alguém ou algo para trás, não significa que aquilo se perdeu. Apenas não era a hora. Seguir o instinto não é vergonha. É humano, é natural, é animal.

No fim, no momento após a escolha, não há ninguém que não mudaria pelo menos uma atitude. Mas qual o problema nisso? É preciso saber e ter a tranquilidade de que valeu a pena e não ter vergonha de ter tentado.

O certo e errado são uma questão de ponto de vista e tempo. Ninguém está totalmente enganado ou correto e o tempo pode fazer os papéis se inverterem. Ter a força para escolher e decidir é para poucos. Seguir tranquilo e consciente de que é um apendizado eterno; ainda mais raro.

Ajamos então por instinto e impulso. Pra lá com os pensamentos anteriores e questionamentos. Oportunidades não se repetem. Vivamos cada dia como um novo caminho. Encaremos cada encruzilhada como mais um bom desafio. Escolhamos com força e sinceridade. Só não se vire e volte. Pois no fim das contas, o que importa é seguir em frente. Decida.