Ele é o maior jogador que vi em ação. Nenhum me encantou tanto quanto Ronaldinho. Na época de Barcelona, eu estava crescendo e começando a analisar o futebol de uma forma diferente. Creio que nada me fez tão bem quanto assistir um gênio em ação. Ronaldinho era mágico. Talvez nenhum jogador na história foi tão lúdico, tão circense e eficiente ao mesmo tempo. Os anos áureos passaram. Aquele jogador de sorriso inconfundível e futebol irreverente, sumiu. Esse sorriso amarelo e o futebol burocrático não me enganam. Conheço o gênio que está ali. Eu e todo o planeta. Só que hoje nos contentamos com lançamentos, arrancadas de dez metros, dribles e alguns chutes. Ronaldinho não irá retomar jamais a alegria que tinha no Barça. Nunca mais terá a forma daquela época. Isso é uma constatação física. Mas a alegria, vontade e motivação parecem não voltar mais também. Ao perder um lance sempre reclama com o juiz. Dificilmente volta para marcar ou chuta ao gol. Ronaldinho virou um grande jogador, o gênio ficou na Espanha.

É claro que ele ainda decide jogos e faz belos lances. Isso é natural, pois poucas pessoas tem uma afinidade com a bola como ele. Mas a vida parece ter passado por cima disso. Ronaldinho não demostra a vontade necessária para voltar à seleção e consequentemente a Copa. Decidir contra times pequenos é obrigação, decidir contra grandes e definir decisões é o diferencial. Contra Inter e Manchester, ele falhou. Contra Inter foi medíocre. Um ou outro lançamento, um drible aqui outro ali não são suficente. Ontem no San Siro foi melhor, mas passou a maior parte do jogo sumido, isolado no cantinho que encontrou na Itália desde que deixou a Espanha: o flanco esquerdo do campo. O gol e o passe para Seedorf foram os principais lances do Milan no jogo, mas e os gols perdidos por Ronaldinho? Ele saiu no mano a mano contra Ferdinand e perdeu a bola. Pediu pênalti (como em outros 20 lances) e não foi atendido. Em casa, viu o inglês Wayne Rooney, tão feio quanto ele, roubar a cena. Duas oportunidades, dois gols.
Dessa vez estou do lado de Dunga. Como nunca estive antes. O grupo para Copa está fechado. Há sim vaga para Gaúcho, mas até que ponto vale a pena levar uma estrela do calibre dele para um grupo tão unido? Se até a convocação para a Copa Ronaldinho mostrar comprometimento, correr pelo campo todo, chutar a gol e vestir de vez a camisa "Quero ir a Copa", talvez o orelhudo lhe dê a chance. Eu estou com os dois pés atrás assim como Dunga. Não há quem nos convença da necessidade de tê-lo no grupo. Kaká, Robinho e Luís Fabiano também podem decidir. Mas o que fará a diferença é o que nos fez tanta falta em 2006. Vontade. Para apagar a maior decepção da minha curta história no futebol, não quero ver ninguém parado reclamando de pênalti não marcado. Quero garra, coração na ponta da chuteira. Habilidade e beleza virão naturalmente. Mas quero ser campeão, chega de clamar por um craque que passou anos sem se importar com seu rendimento e agora quer a amarelinha. Ronaldinho? Não.
Era lindo de se ver as acrobacias que ele fazia. A bola e ele, ele e a bola. Fantástico. Mas não se tem o mesmo sabor hoje em dia. A bola e ele? Tudo bem, mas e ele e a bola? A vontade não está estampada em seu rosto. Concordo em ele não ir à Copa, mas é estranho! Talvez por já termos visto o que ele jogou um dia nos daria confiança o suficiente para vê-lo escalado no time. Muito estranho Copa sem Ronaldinho. Da mesma forma como foi estranho Copa sem Romário. Mas a gente acostuma. O que não pode é se alguma coisa der errado e colocarmos a culpa no orelhudo: "Esta vendo? Tinha que ter Ronaldinho!"
ResponderExcluirNãããooo, acho que não. Não vai ser necessário pensar desta forma, eu espero.
Rumo ao hexa!!!!