Quantas vezes você não estava jogando algum videogame e alguém chega do seu lado e fala: "Nossa, parece um filme!". Comigo, inúmeras. Não é novidade que há tempos os games se inspiram no cinema. Mas a chegada de um jogo como Heavy Rain, parei para pensar: Até que ponto vale a pena os games quererem ser filmes? Não que a experiência seja ruim, mas as vezes não parece videogame. Os famigerados QTE's destruíram boa parte da satisfaçao que é derrotar um chefe e vê-lo cair pelos seus esforços, sejam eles físicos, estratégicos ou psicológicos. Por mais que seja bonito ver Kratos eliminar um chefe de um modo espetacular, não dá pra não pensar em fazer isso com as próprias mãos. Jogos como Ocarina of Time, Devil Mar Cry, Ninja Gaiden e o recente Bayonnetta mostram que isso é possível. Até hoje não tive uma experiência tão gratificante quanto derrotar Ganon sobre os destroços de Hyrule Castle. E olha que isso foi em 1998. Bayonnetta me divertiu tanto que gostaria de voltar no tempo só para ter a satisfação de derrotar Jubileus como se fosse a primeira vez. Essas são experiências essencialmente "gamísticas".

Independente do estilo, todos esses jogos são belos exemplos da capacidade dessa indústria emergente. Porém são exemplos diferentes. Um vem do âmago dos criadores de games, explorando uma jogabilidade que exija a habilidade de quem está no controle; outro vem da capacidade de conseguir juntar os aspectos do cinema (drama, voz e câmeras) com uma jogabilidade simples e eficiente. A união do estilo dessas duas mídias traz um lucro sem precedentes para a indústria de games. Basta notar que há pelo menos dois anos ela lucra mais que os filmes. A receita segue o que estamos discutindo, repetição de elementos de sucesso inegável, investimento em franquias e marketing pesado. É inegável que hoje os games seguem a risca o caminho da indústria cinematográfica. Após quase 40 anos do lançamento do primeiro videogame, o Odyssey, essa indústria ainda busca uma identidade, um modo de se distanciar dos filmes e conseguir se consolidar como uma forma de arte. Para muitos ela já é. A prova, diriam eles, são jogos como Shadow of Colossus, Flower ou mesmo Super Mario Bros.. Como tudo no mundo capitalista em que vivemos, a indústria seguirá o caminho do lucro. E tal qual a indústria que hoje é copiada, os games podem sim entrar em uma crise de criatividade (já não estaria?) e começar de fato a procurar um lugar ao Sol entre tantos outros atrativos para o consumidor. Os sensores de movimento e o 3D são algumas das saídas especuladas. Mas seriam elas suficientes para dar aos videogames uma identidade? Dificil responder. Certo, por agora, é que ainda veremos diversas franquias e jogos iguais mudando apenas a carcaça. Desse conceito sairão ótimos jogos, experiências memoráveis. Porém dificilmente encontraremos entre esses exemplares, um jogo que mostre o significado de jogar videogame e todo o trabalho e satisfação que é terminar um jogo.
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